01/12/2017 | Autor: Larissa Vieira
As propriedades com maiores níveis de investimento são também aquelas que conseguem melhor retorno financeiro no curto e médio- longo prazos, conforme comprovaram pesquisas do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). “Já propriedades que operam com o menor nível de investimento possível apenas viabilizam sua produção no curtíssimo prazo, estando mais vulneráveis às pressões de mercado, depreciação dos fatores produtivos, eventos climáticos extremos e perda de animais. Isso indica que os investimentos são necessários, mesmo em tempos de cautela, como atualmente vivemos por conta do instável cenário político-econômico. A permanência na atividade depende de investimentos inteligentes que elevem a eficiência produtiva, garantam a qualidade do leite e aumentem a competitividade dos produtores”, alerta a pesquisadora da área de leite do CEPEA, Natália Grigol.
Ela explica que investimento vai muito além de aumentar o aporte de capital financeiro aplicado no negócio. Conhecimento técnico e mão de obra qualificada também têm grande impacto na lucratividade do negócio. Mudanças nas práticas de manejo, que muitas vezes não resultam em significativa elevação de custos, podem garantir mais leite no balde. “Também é importante colocar na ponta do lápis se a falta de investimento pode levar ao maior dispêndio financeiro no longo prazo – ou seja, deve-se considerar o retorno do investimento. Isso fica muito claro quando se fala em um planejamento nutricional para o rebanho”, reforça Natália.
Sem um manejo nutricional adequado para cada categoria, o produtor joga “leite pelo ralo”. O coordenador técnico de gado de leite do Sudeste da dsm-firmenich, Marcelo Grossi Machado, alerta que manejos incorretos podem elevar o número de animais improdutivos na fazenda. “Uma relação favorável é 50% de animais produtivos, mas há fazendas que não ultrapassam os 30% na seca, por exemplo. É muita boca para alimentar e pouco leite produzido para pagar a conta no final de mês.”, alerta. O problema é que a bezerra sem uma nutrição adequada hoje será uma vaca com baixa produção no futuro. Ela também chega à fase produtiva tardiamente e produzirá leite com menores teores de sólidos, reduzindo a bonificação que o produtor pode receber da indústria. “Muitas vezes o produtor fica concentrado apenas no animal que está produzindo hoje, mas essa vaca é na verdade resultado dos erros e dos acertos do passado. O ideal é estabelecer um planejamento nutricional adequado e condizente com a realidade financeira da fazenda para cada categoria animal.”, esclarece o coordenador técnico da dsm-firmenich.
Dentro dessa visão futurista da pecuária para aumentar a rentabilidade do negócio, é preciso redobrar os cuidados com as bezerras e com as fêmeas no pré-parto. Quando não se fornece uma nutrição às bezerras os casos de mortes e de doenças são bem maiores. O ideal é que esse tipo de perda não ultrapasse 5% do total de animais. Caso contrário, o produtor terá prejuízos futuramente, já que terá um menor número de vacas em produção, elevando os custos com a reposição. A recomendação é focar em dietas hiperproteicas, compostas por níveis maiores de proteína e menores de energia, que acabam sendo bem mais baratas que as comumente praticadas nas fazendas.
Dentre as tecnologias disponibilizadas pela dsm-firmenich para a fase de cria, Machado destaca o Bovigold Lac, que é um sucedâneo lácteo de alta qualidade, com baixo nível de fibra, altos teores de proteína e lactose, além de vitaminas que são essenciais nessa categoria. Outra indicação é o Bovigold Prima, que aumenta a ingestão de ração, reduz ocorrência de diarreias e melhora a imunidade da bezerrada. Estes dois produtos, também geram outros benefícios como maior ganho de peso, menor uso de antibióticos e maiores pesos a desmama.
No caso das novilhas em recria, é recomendado o Bovigold Recria, pois permite um crescimento mais vigoroso das fêmeas, garantindo que se tornem vacas eficientes tanto na parte produtiva quanto reprodutiva. As novilhas ainda apresentem maior taxa de concepção ao primeiro parto, o que reduz o número de doses de sêmen utilizadas para a produção de uma prenhez, e apresentam uma menor taxa de retenção de placenta e de deposição de gordura no úbere. “Um animal bem criado fica mais barato para o produtor e produzirá mais leite futuramente, chegando a até 400 quilos de leite a mais. Manter esses animais apenas no pasto e com sal mineral convencional representa de 200g a 300g a menos de ganho de peso, retardando em até 4 meses a entrada da fêmea na fase de reprodução.”, explica Marcelo Grossi Machado. A parte sanitária e a ambiência do bezerreiro também merecem cuidado.
São apenas 30 dias, mas que podem refletir no ganho final da propriedade. No pré-parto, as fêmeas precisam receber uma boa nutrição senão correm o risco de ter problemas na parição ou na produção de leite. “É preciso levar em conta a relação custo/benefício nesta fase, que é grande se a nutrição for feita corretamente. São apenas 30 dias investindo em uma suplementação adequada para que a vaca produza mais por 300 dias.”, alerta Machado.
Os custos são altos com doenças nessa fase, que poderiam ser evitadas com uma boa suplementação. No caso de retenção de placenta, doença comum neste período, pode custar de R$2 a R$3 mil por vaca/caso. Já a ocorrência de Cetose (doença caracterizada pela perda de peso, diminuição da produção láctea e anormalidades neurológicas que geralmente ocorre durante as três primeiras semanas de lactação) resulta em prejuízo de R$1 mil a R$1.500,00. Casos de metrite (infecção uterina) elevam os gastos em até R$1.600,00.
Para evitar esses prejuízos, existem tecnologias específicas para o pré-parto, como é o caso do Bovigold Beta Pré-parto e Bovigold Pré-parto OVN, que favorecem a mobilização de cálcio ósseo no sangue, o que permite reduzir os casos de hipocalcemia, além de melhorar a imunidade da vaca e do bezerro no pós-parto. O Bovigold Beta Pré-Parto também contém betacaroteno, uma provitamina que atua na síntese da Vitamina A, vital nos processos reprodutivos. O produto ainda contribui para a vaca ter um parto seguro e livre de problemas metabólicos.
Com tanta tecnologia disponível no cocho para não faltar leite no balde, o produtor consegue obter a tão desejada rentabilidade. Vale a pena anotar custos e ganhos para definir a melhor estratégia de manejo nutricional. “Uma vaca pode até comer mais, porém para ser rentável precisa deixar um rendimento maior para a fazenda. Expressando a produção e os ganhos em dinheiro, por exemplo, se o consumo do animal ficou em R$15,00 e sua produção em R$30,00, ele obteve 50% de eficiência, mas deixou um lucro de R$15. Já uma vaca que consumiu R$20,00 e produziu R$40,00, também atingiu 50% de eficiência, porém em reais garantiu à fazenda um lucro maior que no primeiro caso.”
Outro cuidado que faz a diferença é planejar a compra de alimentos, como caroço de algodão, polpa cítrica, casca de soja. Na época de maior oferta, entre julho e dezembro, esses produtos são comercializados a preços menores. O ideal é comprar uma quantidade maior para ser usada também nos meses em que o produto sofre uma alta de preço. Mas, neste caso, é preciso ter um local apropriado para estocar corretamente o alimento.
“Mais do que pensar em investir, antes, é preciso saber aonde investir. É necessário que o produtor conheça e tenha o controle de seus custos de produção para fazer um diagnóstico da atividade. Só assim é possível ao pecuarista estar atento às oscilações do presente e ter tempo hábil para reorganizar o seu planejamento de médio-longo prazo.”, aconselha a pesquisadora do CEPEA.
Segundo o centro de pesquisa, os custos de produção ainda devem continuar em baixos patamares nos próximos meses, pois a oferta de grãos só deve se reduzir em 2018. “As oportunidades de ganhos existem, mas só serão factíveis para os pecuaristas que se planejarem antecipadamente em relação à compra de insumos e investimentos no aumento da produtividade. Sem dúvidas, a garantia da lucratividade depende do gerenciamento estratégico da propriedade.”, conclui Natália Grigol.
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